Digite o ASSUNTO e nós encontramos para você

Na Copa, vence a Arte

Por Marcia Morales Salis (Gestora Cultural) - marcia_ms@msn.com

                                                                                                                  Claudia Horn Ilha
Obra do artista Pedro Girardello está na exposição
"Além da Vista", no Gasômetro

E foram sete gols, um a um, de uma vez só e sem que a gente pudesse respirar, ver. Por sorte, há Arte! Diferente do que representou o futebol brasileiro dos ídolos milionários, existe a arte feita por trabalhadores comuns:  os artistas. Ainda existem exposições de artes visuais disponíveis a todos que estiverem em Porto Alegre depois da Copa do Mundo de 2014, este evento esportivo que iniciou no dia 12 junho e que vai ser decido entre Alemanha e Argentina em 13 de julho. Aliás, nesta data será o encerramento de duas exposições no Atelier Livre da Prefeitura Xico Stockinger.  Uma intitulada "Atelier na Copa", com obras de 34 artistas instaladas no pátio do atelier, e a outra uma instalação gráfica produzida por artistas da Oficina de Litografia.  Nesta, uma exposição de obras inseridas dentro de garrafas de vidro transparente e em diversas formas e tamanhos. Suspensas, é possível caminhar por baixo delas como se líquidos fôssemos. Aquele que leva de presente a quem quiser decifrar mensagens, ali criadas a partir dos objetos que a gente convive diariamente e descarta. Antes, até o dia 11 de julho é possível visitar a exposição "O Negro e o Racismo no Futebol", na Galeria Clébio Sória, da Câmara Municipal de Porto Alegre. Com curadoria de Ney Ortiz, ex-jogador profissional e artista, a mostra de trabalhos de mais 11 artistas chamou a atenção para os casos de discriminação racial nos estádios.
Nesta mesma temática, após o final do campeonato mundial, até 15 de julho, no Museu Júlio de Castilhos, é possível prestigiar a exposição intitulada “Liga da Canela Preta - Liga Nacional do Futebol Porto-alegrense no início da década de 1910”, da artista Adriana Xaplin e sob a curadoria de Jeanice Ramos. Um importante projeto motivado pela realização da Copa e contemplado pelo edital “Concurso Cultura 2014”, do Ministério da Cultura. Foi pensado a partir dos casos de racismo que vêm acontecendo no futebol e divulgou a história de uma liga negra que existiu em Porto Alegre em 1910, formada por times de jogadores que se organizaram para continuar jogando, apesar das constantes exclusões sofridas por eles por causa do racismo.
Já o Espaço IAB, até 19 de julho, com o “2 St. Arte Urbana” , expõe obras de arte voltadas para o ambiente urbano e sua relação com as pessoas. A dupla Paulo Funari e Léo(nardo) Pereira utilizou diversas linguagens das artes visuais na exposição intitulada “Indoor”, com obras que dialogam entre si e com o lugar. Paulo Funari retratou o comportamento das pessoas frente ao excesso de consumo de bens supérfluos e Léo(nardo) Pereira expressou a valorização do indivíduo e a sua relação com o coletivo, o poder da mídia, ao reutilizar materiais e suportes alternativos. Até 20 de julho, no IEAVI, o Instituto Estadual de Artes Visuais, uma das instituições vinculadas à Secretaria de Estado da Cultura e que funciona na Casa de Cultura Mario Quintana, é possível presenciar as exposições “Noticiário”, de Guilherme Dable, na Galeria Augusto Meyer, composta de fragmentos de notícias coletadas pelo artista em jornais locais que são projetadas nas paredes da sala. Imagens que, borrifadas diariamente, aparecem em processo de apagamento, enquanto que outras notícias são sobrepostas. No mesmo local, “Da mesma matriz: iguais e diferentes”, de Luísa Gabriela, no Espaço Maurício Rosenblatt, é uma instalação com mais de 2 mil xilogravuras pintadas a mão. Imagens de pessoas no cotidiano, na arte e na rede mundial de computadores. Inúmeros espelhos compõem esta instalação e convidavam o espectador a ver e a se ver dentro da obra, ou através dela.
Já na exposição  “Eu como Argumento e como Assunto”, de Amanda Copstein, na Fotogaleria Virgílio Calegari, nos deparamos com fotografias, recortes e textos que refletem relações entre ausência e presença. Ou as cartas e fotografias de mulheres em ambientes íntimos, ou uma série de retratos que remetem às silhuetas do século XVIII. Na Pinacoteca da AJURIS, em Porto Alegre, até o dia 25 de julho é possível apreciar os belos trabalhos das pintoras Ivone Rabelo e Rosa Cavalheiro e da escultora Lea Caruso. Ainda na temática da Copa, até 28 de julho, no Museu dos Direitos Humanos do Mercosul, vale conhecer  “A História da Camisa Canarinho”, sob a curadoria e organização de José Francisco Alves. Esta exposição apresenta trabalhos de Aldyr Garcia Schlee, o criador da Camisa Canarinho de 1953. São esboços, ilustrações, caricaturas, originais e fac-símiles relacionados ao futebol e outras obras de arte contemporâneas com o tema “Arte e Futebol”, de 10 artistas consagrados.
Também estendeu-se na intensa movimentação cultural no período da Copa do Mundo em Porto Alegre a Cidade Baixa, no Espaço Cultural Chico Lisboa, que expõe a coletiva intitulada “Cultura e Cotidiano”. Lá, até 1º de agosto, estarão expostas as obras de 57 artistas selecionados para participar da mostra.  Ao ar livre, até o dia 3 de agosto, no recém-inaugurado “Terraço das Artes” da Usina do Gasômetro: “Além da Vista”. Uma importante iniciativa da Associação dos Escultores do Estado do Rio Grande do Sul (AEERGS) e da Secretaria Municipal de Cultura, que reúne o trabalho de 25 escultures que atuam no Estado. Além de vislumbrar a bela paisagem do Guaíba, a oportunidade é a de se deslumbrar com o trabalho de escultores de várias gerações, obras concebidas em diversas linguagens, materiais e técnicas que retratam a produção plástica contemporânea. Na mesma data encerra-se a exposição  “Exercícios do Ver”, na Pinacoteca Aldo Locatelli, também localizada na Usina do Gasômetro. Obras produzidas sobre papel desde a década de 1960 até os dias de hoje. São parte do acervo local e chamam à atenção pela pluralidade de linguagens e pela diversidade de técnicas utilizadas por autores brasileiros e estrangeiros que participaram do Festival de Arte Cidade de Porto Alegre, promovido pelo Atelier Livre da Prefeitura.
Até o dia 10 de agosto, no Santander Cultural, “O Tamanho do Mundo”, de Vik Muniz, o artista paulista questiona os limites da representação ao se apropriar de matérias-primas como algodão, açúcar, chocolate e restos do lixo. Com 70 obras sob a curadoria de Ligia Canongia, esta exposição apresenta trabalhos de 1989 a 2013 e as obras inéditas “Castelos de Areia” e “Bactérias”. Assim, do racismo ao consumismo e o egoísmo, da reciclagem à bela paisagem natural, quem salva a pátria é a Arte – imbatível ao representar e promover novas reflexões para além da Copa dos 7 a 1. 

Um comentário:

  1. Parabéns Jornalecão!!!!Parabéns colunista cultural Marcia Moralles!!!!
    Excelente texto, contemplado um número expressivo de exposições, valorizando o artista e os espaços culturais da nossa Porto Alegre.
    Um forte abraço, até a próxima coluna.
    Adriana xaplin - AEERGS - escultoresrs@gmail.com

    ResponderExcluir

-Sua opinião e participação é importante para nós!